Desde outubro de 2015 o Congresso Nacional tem promovido audiências públicas para poder deliberar sobre o fim da histórica proibição do uso dos carros a diesel no Brasil. Nestes debates, diversas entidades dos setores público e privado têm demonstrado democraticamente suas opiniões e argumentos. De tudo o que foi falado, dois fatos mais relevantes se destacam para o bom entendimento desta questão:

1. Conformidade ambiental não é argumento para esta proibição: Não existe dúvida da capacidade da tecnologia diesel em atingir os limites atualmente legislados para gases de escape. Graças à tecnologia dos filtros de particulados, na Europa os novos carros a diesel não são considerados problemas, mas sim parte da solução: eles conseguem reduzir o nível de partículas em suspensão no ar das grandes cidades, são portanto verdadeiras maquinas de limpar o ar.

Com relação aos Óxidos de Nitrogênio (NOx), as empresas do setor têm já soluções que reduzem as emissões a níveis extremamente baixos, em todas as condições reais de uso. Prova inequívoca disso é o fato de que em nenhum mercado avançado o carro a diesel é proibido para o uso. Ao contrário, nos últimos anos, a produção global de carros a diesel foi de aproximadamente 10 milhões de unidades ao ano.

2. A real preocupação é o choque de eficiência energética dos motores do ciclo diesel: Nas audiências públicas foram constantes as manifestações de preocupação com o impacto que teria o lançamento de carros a diesel no nosso mercado. Trata-se de um tipo de veículo mais eficiente e econômico, que pode rodar mais de 25 km com 1 litro de diesel, se tiver motores de baixa cilindrada (downsized). O custo do quilômetro rodado seria aproximadamente a metade do que o cidadão brasileiro gasta com os carros que têm atualmente à sua disposição, independentemente de rodar com gasolina, ou mesmo com o subsidiado etanol, que não recolhe impostos federais.

O lançamento do programa Inovar-Auto em 2012 é uma demonstração clara da preocupação do governo em aumentar a eficiência energética dos carros produzidos no Brasil, que é muito defasada com o que ocorre no resto do mundo. As metas estabelecidas para vigorar a partir de 2017 devem trazer o consumo dos carros compactos brasileiros para algo próximo de 15 quilômetros por litro de gasolina, o que irá melhorar a situação, mais ainda está longe de trazer o Brasil para o estado da arte.

Em especial no caso dos carros médios e pesados, a defasagem entre o consumo real atual e a meta desejada é significativamente maior do que a dos carros compactos. Por este motivo vemos atualmente no mercado uma série de lançamentos de veículos com motorização diesel no segmento dos SUVs, substituindo com grandes vantagens os motores a gasolina.

CARROS A DIESEL NO BRASIL, POR QUE NÃO?

Dos debates de 2015 concluímos que a defesa da proibição atualmente vigente, além de ferir o direito constitucional de empreender, serve somente para manter nosso mercado fechado e assim adiar por mais tempo a introdução em massa de tecnologias mais modernas, das quais muito se fala, mas que são aplicadas somente de forma seletiva, em alguns modelos mais caros. Uma proibição conveniente, portanto, já que o cidadão paga a conta compulsória da baixa eficiência no uso dos combustíveis.

Para finalizar, queremos deixar claro que defendemos aqui a liberdade da indústria de empreender e a liberação democrática da escolha do cidadão, para comprar carros com a tecnologia mais adequada ao seu tipo de uso. Os que defendem a proibição, ao contrário, querem decidir em nome dos cidadãos aquilo que se pode ou não usar, conforme suas preferências e, em última medida, de seus interesses.

Christian Streck é presidente da Aliança Pro-Veículos Diesel (Aprove Diesel), organização sem fins lucrativos dedicada à divulgação das aplicações e à conscientização da importância econômica dos motores diesel, suas contínuas melhorias de eficiência energética e a redução de seu impacto ambiental, liderando o caminho para o futuro da tecnologia do diesel limpo em todas as utilizações.



Autor / Fonte: Automotive Business

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